AGÊNCIA DE MARKETING: A BOCA DE FUMO DO MARKETING DIGITAL
Na boca de fumo do marketing digital, o empresário pode adquirir todo tipo de droga: desde sites disfuncionais, mal planejados e sem qualquer estratégia, até substâncias mais pesadas, como o tráfego pago em excesso, usado como muleta para esconder a ausência de planejamento de longo prazo. As consequências desse modelo são devastadoras — não apenas para os “traficantes digitais”, mas também para os empresários que, ao investirem em promessas vazias, se frustram, perdem dinheiro e a confiança no marketing como ferramenta de crescimento real. Pior: esse ciclo prejudica até as agências sérias, comprometidas com estratégias sólidas, dados, posicionamento e construção de autoridade. Afinal, depois de uma má experiência, é natural que o empresário pense duas vezes antes de contratar novamente um serviço de marketing — mesmo que, desta vez, fosse o certo. Nesse cenário, todos perdem. Até mesmo o traficante digital, que acredita estar lucrando, mas na verdade está destruindo o próprio mercado, queimando pontes, queimando reputações — e, principalmente, diminuindo a cada dia o número de potenciais clientes dispostos a confiar de novo.
Felipe Vasconcelos | Gerente de Marketing
6/30/20253 min ler


De acordo com o site Wikipedia, “boca de fumo” — também conhecida como “ponto de droga” — refere-se ao local, geralmente um barraco, onde são comercializadas drogas ilícitas.
No contexto do marketing digital, embora existam muitas empresas sérias e competentes, capazes de gerar resultados excepcionais para seus clientes, também há aquelas que se comportam como verdadeiras “bocas de fumo do marketing digital”.
Essas agências oferecem soluções rasas, imediatistas e altamente viciantes, que criam dependência em seus clientes sem jamais resolver os problemas estruturais de comunicação e posicionamento. Pior: falham em entregar resultados concretos e acabam comprometendo a imagem de todo o setor, prejudicando profissionais éticos e agências comprometidas com estratégias de longo prazo e entrega real de valor.
Cabe destacar que o propósito desta publicação não é demonizar as agências de marketing, tampouco propagar sensacionalismo. A intenção, ainda que por meio de uma abordagem provocativa, é estimular a reflexão entre os profissionais e empresas do setor — justamente para evitar aquela velha e recorrente queixa de novos clientes: "paguei por meses uma agência de marketing e não tive resultado nenhum."
Quando nos deparamos com sites e redes sociais completamente abandonados, é difícil — para não dizer impossível — defender o trabalho do profissional anterior. Nessas situações, tudo o que resta ao novo prestador de serviço é se resguardar e dizer: "não sei o que foi combinado antes, por isso prefiro não opinar."
No que diz respeito às chamadas soluções rasas, é importante destacar um ponto técnico fundamental: sempre que se adquire um novo domínio e desenvolve-se um novo site, ele inicia sua trajetória com autoridade de domínio e tráfego orgânico iguais a zero. A partir disso, torna-se indispensável um trabalho estratégico contínuo para não apenas atrair visitas orgânicas, mas também construir autoridade digital ao longo do tempo.
Entretanto, esse processo é naturalmente custoso — tanto em termos de tempo quanto de investimento financeiro. Por essa razão, não é incomum encontrarmos sites com pouquíssimo tráfego, autoridade de domínio inexistente e redes sociais completamente abandonadas.
Diante desse cenário, muitas agências recorrem à chamada “solução imediata”: o impulsionamento pago. Ou seja, ao invés de posicionar o site organicamente nos mecanismos de busca, recorrem ao pagamento por anúncios — o famoso tráfego pago. Vale dizer que, por si só, essa prática não é um problema. O erro está em adotar esse modelo como única estratégia, sem trabalhar paralelamente ações de médio e longo prazo voltadas à geração de tráfego orgânico.
Com isso, o cliente acaba com um site irrelevante para os buscadores, com baixa performance e totalmente dependente de investimento constante em mídia paga. O resultado? Um aumento nos custos com marketing, uma dependência crescente de impulsionamento e, pior, uma completa estagnação em termos de presença digital estratégica.
É exatamente por isso que uso o termo "traficante digital": vendem a ilusão de visibilidade imediata, mas entregam um vício caro, que não resolve a causa raiz e ainda compromete a sustentabilidade do negócio.
No fim das contas, a crítica aqui não é ao tráfego pago em si — mas à dependência cega e irresponsável que muitos profissionais do marketing digital incentivam por pura conveniência (ou despreparo técnico). Transformar clientes em reféns de impulsionamentos sem propósito estratégico é fácil, rápido e lucrativo — para quem vende. Mas absolutamente danoso para quem compra.
É preciso romper com esse ciclo. O verdadeiro trabalho de marketing não é viciante, é libertador. Ele estrutura, posiciona, fortalece marcas e constrói autoridade com consistência. Ele exige estudo, método, ética e visão de longo prazo — e, por isso, poucos estão dispostos a percorrer esse caminho.
Se você é cliente, reflita: sua agência está te libertando ou te viciando?
Se você é profissional do marketing, questione: você está entregando soluções ou vendendo alívio momentâneo?
Marketing não é droga. É estratégia.
E como toda boa estratégia, começa com uma decisão: você quer ser mais um cliente na fila... ou construir algo realmente relevante?