A sua agência de marketing não está dando resultados: a culpa pode ser sua

Certo dia, recebi a ligação de um empresário insatisfeito com a agência de marketing que o atendia. Analisei o contrato e as entregas anteriores e percebi que havia falhas sérias dos dois lados: a agência não cumpria parte do escopo, e o cliente interferia de forma que comprometia a estratégia. Depois de algum tempo, ele decidiu contratar nossos serviços — e ali começou um dos maiores desafios da minha carreira. A cada etapa, havia interferências que quebravam a lógica do planejamento e prejudicavam os resultados. Essa experiência me fez perceber o quanto comportamentos inadequados, mesmo quando bem-intencionados, podem sabotar uma operação inteira de marketing.

Felipe Vasconcelos | Gerente de Marketing

11/26/20252 min temps de lecture

Two women converse at a cafe.
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Uma das reclamações mais frequentes entre empresários é a falta de resultados entregues pela agência de marketing. Embora essa queixa muitas vezes tenha fundamento, sempre olho para ela com cautela. Em diversas situações, os resultados não aparecem justamente porque o próprio contratante interfere de forma indevida na execução técnica do trabalho, comprometendo toda a estratégia.

Tive um caso emblemático envolvendo um cliente que, além de interferir diretamente nas decisões técnicas, chegou ao ponto de realizar postagens por conta própria na página da empresa, em uma rede social recém-criada, sem qualquer comunicação ou alinhamento com o time de marketing. Para piorar, o conteúdo publicado era totalmente aleatório e desconectado da estratégia definida.

Desde o início, esse cliente já demonstrava sinais claros de ser difícil de lidar. Apesar de ter assinado contrato de prestação de serviços, tentava intervir em absolutamente tudo. Por exemplo, no site utilizamos uma imagem ilustrativa de uma bicicleta, adequada do ponto de vista técnico e visual. Ainda assim, ele exigiu que fosse usada exatamente a foto do modelo de bicicleta que sua empresa comercializava, mesmo que a imagem não atendesse aos padrões necessários de qualidade e publicação.

Durante o processo de criação do logótipo, o cliente reprovou três propostas diferentes. Na última tentativa, pedimos que ele especificasse ao designer exatamente o que desejava em termos de identidade visual, mas ele se recusou a orientar. Ou seja, não aprovava nada, mas também não contribuía com direcionamentos mínimos.

Para proteger a execução técnica, enviamos uma advertência formal informando que novas intervenções indevidas poderiam resultar na rescisão imediata do contrato. Em vez de compreender que estávamos preservando a qualidade do serviço, o cliente interpretou a advertência como uma tentativa de humilhá-lo e passou a agir de forma agressiva, tornando inevitável o encerramento do contrato.

Houve ainda um episódio em que estávamos orientando sobre a recuperação de um perfil suspenso no Google Perfil de Empresa. Enviamos um acórdão explicando o procedimento correto, e o cliente insistiu que o documento estava errado, mesmo sem saber o que significava a palavra “acórdão”.

Apesar de todas essas interferências, conseguimos gerar dois leads qualificados para a empresa em menos de um mês após o site ser indexado. Ainda assim, a continuidade do trabalho se tornou inviável.

A verdade é simples: quando o contratante interfere tecnicamente em um serviço que não domina, ele destrói a estratégia, compromete os resultados e, no fim das contas, torna-se o principal responsável pelo fracasso da própria campanha. Intervenção indevida, mudança constante de escopo e falta de compreensão sobre o próprio papel são fatores que inviabilizam qualquer trabalho de marketing, por melhor que seja a equipe contratada.