INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: UM SMARTPHONE NAS MÃOS DE UM CHIMPANZÉ

Quais seriam os efeitos de colocar uma ferramenta altamente tecnológica, como um smartphone, nas mãos de um animal, como um chimpanzé? Absolutamente nenhum. Seria inócuo. Afinal, mais importante do que a tecnologia em si é a capacidade do operador. Com a inteligência artificial, temos observado uma situação semelhante. Muitos empresários têm utilizado o potencial criativo da ferramenta para produzir memes engraçados e outros tipos de postagens, acreditando estar fazendo marketing. Quando, na verdade, trata-se apenas de uma panfletagem digital rasa e desprovida de estratégia — a forma mais barata (e ineficaz) de se comunicar em um mercado saturado.

Felipe Vasconcelos | Gerente de Marketing

6/27/20252 min ler

Uma das ferramentas mais poderosas do nosso cotidiano é o smartphone. Com ele, acessamos a internet, conectamo-nos com pessoas de qualquer parte do mundo, trabalhamos, estudamos e nos divertimos. Mas qual seria a utilidade de um celular de última geração nas mãos de um chimpanzé? Absolutamente nenhuma — ele provavelmente tentaria mastigar o aparelho.

Da mesma forma, por mais avançada que seja, a inteligência artificial perde completamente seu potencial quando colocada nas mãos erradas. Sem preparo, uma ferramenta poderosa não apenas deixa de ser eficaz — como pode se tornar prejudicial.

Segundo uma reportagem do jornal Gazeta do Povo, o quociente de inteligência (QI) médio da população brasileira está entre 83 e 87. Isso significa que há pessoas com QI ainda abaixo desse intervalo, considerado extremamente baixo — especialmente em comparação com a média do Japão, que é de 106.

Diante disso, e considerando que a inteligência artificial é uma tecnologia emergente e revolucionária — muitas vezes comparada à Revolução Industrial, é essencial entender que seu verdadeiro valor depende diretamente da capacidade humana de compreendê-la e aplicá-la de forma estratégica. Por mais promissora que seja, nenhuma inovação tem serventia real nas mãos de quem não está minimamente preparado para utilizá-la.

No contexto do marketing digital, por exemplo, muitos empresários têm recorrido à inteligência artificial para produzir conteúdos superficiais — como memes ou vídeos engraçados — acreditando que isso, por si só, representa uma estratégia de marketing. No entanto, essa abordagem revela uma visão limitada e reducionista sobre o verdadeiro papel da tecnologia no posicionamento de uma marca.

A IA, por mais avançada que seja, não substitui o profissional de marketing — assim como não substitui um médico ou um advogado. Ela comete erros, possui limitações e carece de sensibilidade estratégica e visão de negócio. Seu papel não é eliminar o fator humano, mas potencializá-lo com base em dados e automação.

É importante deixar claro: a intenção não é demonizar a tecnologia. Muito pelo contrário — no marketing digital, a inteligência artificial é não apenas bem-vinda, como essencial. Ferramentas voltadas à análise de dados (analytics) e à inteligência competitiva (business intelligence) são, hoje, indispensáveis. A verdade é que, sem tecnologia, não há marketing digital. Mas é preciso saber utilizá-la com discernimento, técnica e propósito.

Além disso, vale lembrar que as respostas fornecidas por inteligências artificiais ainda são pouco criativas e frequentemente enviesadas. Pelo menos por enquanto, elas estão longe de alcançar a complexidade e a profundidade do raciocínio humano. Mesmo uma pessoa com QI 83 é — e continuará sendo — superior a qualquer inteligência artificial disponível atualmente.

A inteligência artificial é exatamente isso: uma ferramenta. Poderosa, sim — mas ainda assim dependente da inteligência humana para ser bem aplicada. Quando está nas mãos certas, acelera processos, revela padrões invisíveis e potencializa estratégias. Mas, mal compreendida ou usada de forma leviana, transforma-se apenas em mais um modismo travestido de inovação.

O problema nunca foi a tecnologia — mas a mentalidade de quem a utiliza.

No fim das contas, o diferencial competitivo continua sendo a capacidade de pensar, questionar e criar com propósito. A IA pode até fazer parte do jogo. Mas quem define as regras ainda é você.