Muito prestígio e pouco dinheiro, a triste realidade dos advogados no Brasil
Apesar do prestígio da profissão, o advogado brasileiro tem sido cada vez menos valorizado. A remuneração, em muitos casos, é irrisória, e um número crescente de profissionais tem buscado outras fontes de renda, chegando até mesmo a exercer segundas profissões, como a de motorista de aplicativo. Todavia, essa é uma consequência, e não a causa do problema. O bom é que existem caminhos para não se tornar apenas mais um no mundo jurídico — e é sobre isso que falaremos neste artigo.
Felipe Vasconcelos | Gerente de Marketing
11/2/20252 min ler
É possível afirmar que o Brasil possui o mercado jurídico mais concorrido do mundo, considerando a elevada quantidade de profissionais atuantes no país e os baixos salários pagos àqueles que exercem a advocacia.
No que diz respeito ao número de advogados, de acordo com a pesquisa PerfilAdv, realizada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o país possui mais de 1,3 milhão de profissionais em atividade, o que equivale a um advogado para cada 164 habitantes. Embora o número absoluto de advogados no Brasil seja semelhante ao dos Estados Unidos, lá a proporção é de um advogado para cada 253 habitantes; e vale destacar que a população norte-americana é significativamente maior que a brasileira.
Quanto à remuneração, a mesma pesquisa da OAB aponta que cerca de 45% dos advogados têm renda mensal de até cinco salários mínimos, ou seja, aproximadamente R$ 7.590 em valores atuais. Em contrapartida, apenas 9% dos profissionais ganham vinte salários mínimos ou mais.
Apesar da saturação do mercado e da baixa remuneração da classe, especialmente diante da alta qualificação exigida para o exercício da profissão, uma pesquisa da Febraban revela que 69% da população brasileira ainda enxerga a advocacia como uma profissão de prestígio, prestígio esse que, no entanto, não se reflete na remuneração dos profissionais, conforme também demonstra a OAB.
Esse cenário decorre, em grande parte, da excessiva oferta de profissionais. A lógica é simples: quanto maior a oferta de um produto ou serviço, menor tende a ser o seu preço. Contudo, para evitar cair na vala comum, é essencial que os profissionais do Direito saibam se diferenciar. Para isso, é necessário adotar algumas estratégias:
1. Qualificação: em um mercado saturado, a qualificação é indispensável. O advogado deve buscar especializar-se em uma área específica, evitando tornar-se um “faz-tudo”. Além disso, é recomendável investir em pós-graduação, MBAs e, principalmente, dominar profundamente a sua área de atuação.
2. Marketing jurídico: de nada adianta ser altamente qualificado se você não sabe vender seus serviços. Por isso, é fundamental que advogados autônomos contem com o suporte de uma empresa de marketing especializada, capaz de desenvolver um site profissional, gerir o perfil no Google Perfil de Empresa (antigo Google Meu Negócio) e administrar as redes sociais. Muitos advogados ainda criam seus próprios sites e escrevem artigos na vã tentativa de atrair clientes, mas, na prática, as pessoas leem cada vez menos, especialmente textos técnicos e longos, como os jurídicos. Soma-se a isso a falta de conhecimento em SEO, branding e análise de dados, áreas dominadas por profissionais de marketing.
3. Reputação: Por mais óbvio que pareça, o advogado precisa construir e zelar pela própria reputação. Ainda há profissionais que perdem prazos, não respondem clientes e demonstram falta de preparo para lidar com o público. É fundamental consolidar uma imagem de competência, seriedade e honestidade. Lembre-se: é difícil construir uma reputação, mas muito fácil perdê-la.
Por fim, essa situação reflete algo semelhante ao que ocorre na medicina brasileira: há um excesso de profissionais em proporção superior à de países mais populosos. A solução, como sempre, virá do próprio mercado. Os bons profissionais serão recompensados com melhores remunerações, enquanto os maus terão salários medíocres ou acabarão migrando para outras áreas. Ser um bom profissional, nesse contexto, não se resume a dominar a técnica, mas também a ter inteligência relacional e investir em marketing pessoal e profissional.
