O QUE ESTÁ MATANDO O MARKETING DIGITAL?

Este artigo analisa, de forma crítica e fundamentada, os principais fatores que têm contribuído para a decadência da eficácia do marketing digital nos últimos anos. A partir de uma abordagem realista e provocativa, o texto expõe os erros mais comuns de profissionais e empresas, revela os efeitos colaterais da automação excessiva e propõe caminhos para quem ainda acredita que marketing é mais do que fórmula pronta.

Felipe Vasconcelos | Gerente de Marketing

8/7/20253 min ler

“O marketing digital morreu. Só esqueceram de avisar você.”

A frase acima, que circula em artigos, podcasts e rodas de especialistas, não é apenas uma provocação retórica — ela carrega uma verdade inconveniente: o marketing, como foi praticado na última década, está perdendo relevância, impacto e credibilidade.

E não se trata de achismo. Estamos vendo uma queda significativa na taxa de abertura de e-mails, no alcance orgânico de redes sociais, na performance de anúncios e, sobretudo, na confiança do consumidor diante de promessas vazias e gatilhos forçados.

Mas, afinal, o que está matando o marketing digital?

O SUCESSO FÁCIL VIROU REGRA (E NÃO EXCEÇÃO)

A explosão do marketing digital a partir de 2015 fez surgir um novo tipo de “especialista”: aquele que nunca precisou criar uma marca do zero, mas que replica fórmulas copiadas de fórmulas, prometendo faturamentos irreais em prazos impossíveis.

Essa padronização tóxica transformou o marketing em um teatro de ilusões.

Empresas passaram a publicar conteúdo sem propósito, só para cumprir calendário. Influenciadores começaram a vender cursos de vendas… sem nunca terem vendido nada além de cursos.

O que era pra ser estratégia virou rotina robótica.

A AUTOMAÇÃO VIROU MULETA

Automação é uma ferramenta poderosa — mas, quando mal utilizada, vira um disfarce para a ausência de estratégia real.

Empresas automatizam respostas, agendamentos, atendimentos e e-mails… mas esquecem de algo simples: o consumidor quer conexão, não apenas conveniência.

Quando tudo é padronizado, nada se destaca. O usuário percebe a frieza, sente o distanciamento e ignora.

Automatizar sem critério é como mandar flores sem destinatário: bonito por fora, vazio por dentro.

O CONTEÚDO VIROU CARGA, NÃO COMUNICAÇÃO

Nos últimos anos, houve um colapso silencioso na produção de conteúdo. O volume cresceu exponencialmente, mas a qualidade caiu na mesma proporção.

Postagens vazias, reels genéricos, blogs feitos apenas para alimentar o SEO, mas sem nenhum valor humano real.
Tudo isso criou um ruído tão intenso que até o conteúdo bom passou a ser ignorado.

A banalização das redes sociais fez com que a atenção do público se tornasse cada vez mais cara — e cada vez mais escassa.

MÉTRICAS DE VAIDADE: O VÍCIO QUE CONTINUA MATANDO

Curtidas. Visualizações. Seguidores. Impressões.

Empresas seguem festejando esses números como se fossem indicadores de sucesso, mas esquecem de perguntar: “Isso está vendendo?”

A obsessão por engajamento transformou o marketing em um jogo de aparências, onde a performance real é trocada por uma estética de aprovação.

Essa miopia estratégica enfraquece resultados e engana o próprio empreendedor.

O NOVO CONSUMIDOR NÃO CAI MAIS NAS MESMAS ARMADILHAS

Hoje, o público é mais informado, mais cético e mais seletivo. Ele reconhece fórmulas, detecta escassez falsa, questiona promessas e rejeita marcas sem propósito claro.

A confiança — que sempre foi a base do marketing — virou um recurso escasso.

Quem continuar tratando o cliente como “lead”, e não como gente, vai desaparecer do mercado. Simples assim.

O QUE PODE SALVAR O MARKETING DIGITAL?

Apesar do cenário pessimista, ainda há espaço para quem entende que marketing é conexão, não só conversão.

Veja algumas direções possíveis:

  • Reposicionamento estratégico: em vez de seguir a tendência, crie a sua própria.

  • Conteúdo com profundidade: entregue valor real, com originalidade e consistência.

  • Menos fórmula, mais identidade: crie processos próprios, baseados na sua marca e no seu público.

  • Marketing de relacionamento: crie comunidade antes de tentar vender.

  • Tecnologia com propósito: automatize o que for útil, mas preserve o toque humano onde importa.

AINDA DÁ TEMPO DE MUDAR

Se você sente que seu marketing está perdendo força, não é só impressão — é um sintoma de algo maior.

Estamos diante de um ponto de inflexão: ou reinventamos o marketing, ou continuamos enterrando-o com promessas vazias, automações sem alma e conteúdos inúteis.

O marketing digital está morrendo. Mas ainda dá tempo de salvar.

A pergunta é: você vai continuar repetindo fórmulas mortas, ou vai liderar o movimento de ressurreição?